Parâmetros de arranque são parâmetros do kernel Linux que são geralmente utilizados para certificar que os periféricos são tratados devidamente. Para a maioria, o kernel pode auto detectar informação sobre os seus periféricos. Contudo, em alguns casos terá de ajudar o kernel um pouco.
Se esta é a primeira vez que está a iniciar o sistema, tente os parâmetros de arranque por omissão (i.e., não tente alterar os parâmetros) e veja se funciona correctamente. Provavelmente sim. Se não, pode mais tarde reiniciar e procurar por parâmetros especiais que informam o sistema do seu hardware.
Informação sobre muitos parâmetros de arranque podem ser encontrados em Linux BootPrompt HOWTO, incluindo dicas para hardware obscuro. Esta secção contém apenas um esboço dos parâmetros mais distintos. Alguns truques para identificar problemas estão incluídos abaixo na Secção 5.4, “Diagnosticar Problemas no Processo de Instalação”.
Quando o kernel arranca, deve ser emitida no início do processo
Memory:avail
k/total
k. available
uma mensagem. total
deve coincidir com a quantidade total de RAM, em kilobytes. Se isto não coincidir com a quantidade real de RAM que tem instalado, precisa de utilizar o parâmetro mem=
, onde ram
ram
é substituído pela quantidade de memória, seguido de “k” para kilobytes, ou “m” para megabytes. Por exemplo mem=65536k
e mem=64m
significam 64MB of RAM.
Se estiver a arrancar com uma consola série, normalmente o kernel irá detectá-lo automaticamente. Se também tiver ligado uma placa gráfica (framebuffer) e um teclado ao computador a partir do qual deseja arrancar através da consola série, poderá ter de passar o argumento console=
ao kernel, onde device
device
é o seu dispositivo série, que é normalmente algo parecido com ttyS0
.
O sistema de instalação reconhece alguns parâmetros de arranque adicionais [8] que poderão ser úteis.
Um certo número de parâmetros têm o formato “abreviatura” que ajuda a evitar as limitações das opções da linha de comandos do kernel e torna a introdução de parâmetros mais fácil. Se um parâmetro tem uma forma resumida, será listado entre parêntesis atrás da forma (normal) mais longa. Os exemplos neste manual normalmente também irão utilizar a forma abreviada.
Este parâmetro ajusta a prioridade mínima das mensagens a serem mostradas.
A instalação por omissão utiliza priority=high
. Isto significa que ambas as mensagem de prioridade alta e crítica irão ser mostradas, mas as mensagens de média e baixa prioridade não. Se forem encontrados problemas, o instalador ajusta a prioridade conforme necessário.
Se acrescentou priority=medium
como parâmetro de arranque irá-lhe ser mostrado o menu de instalação e assim ganhar mais controlo sobre a instalação. Quando é utilizado priority=low
todas as mensagens são mostradas (Isto é equivalente ao método de arranque expert). Com priority=critical
, o sistema de instalação irá mostrar somente as mensagens críticas e tentará optar pelas opções correctas sem grande confusão.
Este parâmetro de arranque controla o tipo de interface para o utilizador que é utilizado para o instalador. Os actuais parâmentros possíveis são:
DEBIAN_FRONTEND=noninteractive
DEBIAN_FRONTEND=newt
DEBIAN_FRONTEND=gtk
O frontend por omissão é DEBIAN_FRONTEND=newt
. Pode ser preferível utilizar DEBIAN_FRONTEND=text
para instalações de consolas série. Geralmente apenas o frontend newt
está disponível no meio de instalação por omissão. Em arquitecturas que o suportam, o instalador gráfico utiliza o frontend gtk
.
Definir este parâmetro de arranque para 2 irá fazer com que o processo de arranque da instalação seja feito com um registo detalhado. Defini-lo para 3 faz com que estejam disponíveis shells de debug em pontos estratégicos do processo de arranque. (Sair das shells para continuar o processo de arranque.)
BOOT_DEBUG=0
Isto é por omissão
BOOT_DEBUG=1
Mais detalhes que o habitual
BOOT_DEBUG=2
Muita informação de eliminação de erros.
BOOT_DEBUG=3
As shells são executadas em vários pontos do processo de arranque para permitir um debugging detalhado. Saia para a shell para continuar o arranque.
O valor do parâmetro é o caminho para o dispositivo por onde carregar o instalador Debian. Por exemplo, INSTALL_MEDIA_DEV=/dev/floppy/0
A disquete de arranque, que normalmente procura todas as disquetes que poder para encontrar a disquete root, pode ser ultrapassado por este parâmetro para apenas olhar para um dispositivo.
Pode ser utilizado para forçar o instalador para um nível de baixa memória superior ao que o instalador define baseado na memória disponível. Os valores possíveis são 1 e 2. Veja também Secção 6.3.1.1, “Verificar a memória disponível / modo de baixa memória”.
Algumas arquitecturas utilizam o framebuffer do kernel para oferecer uma instalação em várias línguas. Se o framebuffer causar problemas no seu sistema pode desactivar esta funcionalidade através do parâmetro fb=false
. Os sintomas do problema são mensagens de erro sobre bterm ou bogl, um ecrã em branco, ou uma paragem alguns minutos após o início da instalação.
O argumento video=vga16:off
pode também ser utilizado para desactivar a utilização de framebuffer pelo kernel. Tais problemas foram relatados num Dell Inspiron com uma placa Mobile Radeon.
Um tema determina como vai parecer o interface com o utilizador (cores, ícones, etc.) Os temas disponíveis diferem por frontend. Actualmente ambos os interfaces newt e gtk têm um tema “dark” que foi desenhado para os utilizadores com dificuldades de visão. Escolha o tema arrancando com theme=
. dark
Por omissão o debian-installer
sonda automaticamente a configuração de rede via DHCP. Se a sonda for bem sucedida, não terá a oportunidade de rever e alterar os ajustes obtidos. Apenas conseguirá fazer uma configuração manual da rede em caso do probe DHCP falhar.
Se tem um servidor DHCP na sua rede local, mas quer evitar utilizá-lo ex.: devolve respostas erradas, pode utilizar o parâmetro netcfg/disable_dhcp=true
que previne que a rede não seja configurada por DHCP e que a informação seja inserida manualmente.
Ponha como false
para prevenir que sejam iniciados serviços PCMCIA, se isso causar problemas. Alguns portáteis são bem conhecidos por este mau comportamento.
Definido como true
para habilitar o suporte para discos RAID Serial ATA (também chamado de ATA RAID, BIOS RAID ou 'fake RAID') no instalador. Note que este suporte actualmente é experimental. Pode ser encontrada informação adicional no Wiki do Instalador Debian.
Especifique o url para o download de um ficheiro de pré-configuração e para utilização para autimatizar a instalação. Veja a Secção 4.6, “Instalação Automática”.
Especifique o caminho para carregar um ficheiro de pré-configuração para a automatizão da instalação. Veja a Secção 4.6, “Instalação Automática”.
Defina como true
para mostrar as questões mesmo que a estas tenha sido feito preseed. Pode ser útil para testar ou depurar um ficheiro de pré-configuração. Note que isto não terá qualquer efeito em parâmetros são passados como parâmetros de arranque, mas pode ser utilizado para aqueles com uma sintaxe especial. Para detalhes veja Secção B.5.2, “Utilizar o preseed para alterar valores por omissão”.
Perguntas retardadas são normalmente perguntadas antes de ser possível de fazer preseed até depois da rede estar configurada. Para detalhes acerca de como utilizar isto para automatizar instalações veja Secção B.2.3, “Modo Auto”.
Durante as instalações a partir da consola série ou de gestão, os consolas virtuais normais (VT1 a VT6) normalmente estão desactivadas em /etc/inittab
. Defina para true
para evitar isto.
Por omissão, antes de reiniciar, o debian-installer
ejecta automaticamente o media óptico utilizado durante a instalação. Isto poderá ser desnecessário se o sistema não iniciar automaticamente de CD. Em alguns casos pode até não ser desejável, por exemplo se o drive óptica não conseguir inserir novamente o media sozinha e o utilizador não estiver lá para o fazer manualmente. Muitas drives de carregamento de slots, slim-line, e caddy style não conseguem recarregar automaticamente.
Coloque false
para desactivar ejecção automática, e fique atento pois pode necessitar de assegurar que o sistema não inicia automaticamente a partir da drive optical após a instalação inicial.
Por omissão o instalador necessita que os repositórios sejam autenticados utilizando uma chave gpg conhecida. Coloque como true
para desabilitar essa autenticação. Aviso: inseguro, e não recomendado.
Para o frontend gtk (instalador gráfico), os utilizadores podem definir o protocolo de rato a utilizar definindo este parâmentro. Os valores suportados são[9]: PS/2
, IMPS/2
, MS
, MS3
, MouseMan
e MouseSystems
. Na maioria dos casos o protocolo pré-definido deve funcionar correctamente.
Para o frontend gtk (instalador gráfico), os utilizadores podem especificar o dispositivo de rato a ser utilizado definindo este parâmetro. Isto é útil se o rato estiver ligado a uma porta série (serial mouse). Exemplo: mouse/device=
. /dev/ttyS1
Para o frontend gtk (instalador gráfico), os utilizadores podem mudar o rato para ser utilizado com a mão esquerda definindo este parâmetro para true
.
Para o frontend gtk (instalador gráfico), a aceleração por hardware no directfb por omissão está desligada. Para a habilitar, ajuste este parâmetro para true
.
Defina como true
para entrar em modo de recuperação em vez de efectuar uma instalação normal. Veja a Secção 8.7, “Recuperar um Sistema Estragado”.
Com algumas excepções, pode ser definido um valor na prompt de arranque para qualquer questão colocada durante a instalação, apesar de isto ser apenas possível em casos específicos. Instruções gerais acerca de como fazer isto podem ser encontradas em Secção B.2.2, “Utilizar parâmetros de arranque para fazer preseed a questões”. Alguns exemplos específicos estão listados abaixo.
Pode ser utilizado para definir o idioma e país para a instalação. Isto irá funcionar apenas se o locale for suportado em Debian. Por exemplo, utilize locale=de_CH
para escolher o Alemão como idioma e Suíça como país.
Pode ser utilizado para automaticamente carregar componentes do instalador que não são carregados por omissão. Exemplos de componentes opcionais que poderão ser úteis são o openssh-client-udeb
(para que possa utilizar o scp durante a instalação) e o ppp-udeb
(veja Secção D.5, “Instalar Debian GNU/Linux utilizando PPP over Ethernet (PPPoE)”).
Defina para true
se deseja desligar DHCP e forçar a configuração de rede estática.
Por omissão o instalador irá utilizar o protocolo http para fazer download aos ficheiros em mirrors Debian e mudar isso para ftp não é possível durante as instalações em prioridade normal. Ao definir este parâmetro para ftp
, pode forçar o instalador a utilizar este protocolo. Note que não pode escolher um mirror ftp a partir de uma lista, tem de introduzir manualmente o nome da máquina.
Pode ser utilizado para escolher tarefas que não estão disponíveis a partir da lista interactiva de tarefas, tal como a tarefa kde-desktop
. Veja Secção 6.3.5.2, “Seleccionar e Instalar Software” para informações adicionais.
Se os drivers estiverem compilados no kernel, pode passar-lhes parâmetros tal como é descrito na documentação do kernel. No entanto, se os drivers estiverem compilados como módulos e porque os módulos de kernel são carregados de uma forma um pouco diferente durante a instalação do que quando arranca um sistema já instalado, não é possível passar parâmetros a módulos como normalmente faria. Em vez disso, você tem de utilizar uma sintaxe especial reconhecida pelo instalador que se assegura que os parâmetros são guardados nos devidos ficheiros de configuração e por isso serão utilizados quando os módulos forem carregados. Os parâmetros também se propagarão automaticamente na configuração para o sistema instalado.
Note que agora é extremamente raro ser necessário passar parâmetros a módulos. Na maioria dos casos o kernel conseguirá detectar o hardware presente num sistema e definir dessa forma bons valores por omissão. No entanto, em algumas situações poderá ser necessário definir manualmente os parâmetros.
A sintaxe a utilizar para definir parâmetros para o módulo é:
nome_módulo
.parameter_name
=valor
Se necessitar passar vários parâmetros ao mesmo ou a diferentes módulos, basta repetir isto. Por exemplo, para fazer com que uma velha placa de rede 3Com utilize o conector BNC (coaxial) e o IRQ 10, você deve passar:
3c509.xcvr=3 3c509.irq=10
Por vezes pode ser necessário colocar um módulo na lista negra para prevenir que este seja carregado automaticamente pelo kernel e pelo udev. Uma razão pode ser que um módulo em particular cause problemas com o seu hardware. O kernel por vezes, também, lista dois controladores diferentes para o mesmo dispositivo. Isto pode fazer com que o dispositivo não funcione correctamente se os controladores estiverem em conflito ou se o controlador errado for carregado primeiro.
Pode colocar um módulo na lista negra utilizando a seguinte sintaxe:
. Isto fará com que o módulo seja colocado na lista negra em nome_do_módulo
.blascklist=yes/etc/modprobe.d/blacklist.local
quer para a instalação, quer para o sistema instalado.
Note que um módulo pode ser à mesma carregado pelo próprio sistema de instalação. Você pode prevenir que isto aconteça ao correr o instalador em modo expert e deseleccionar o módulo a partir da lista de módulos mostrada durante as fases de detecção de hardware.